Não há nada de mais "bolivariano", "cucaracho" no Brasil do que os grupos de mídia. Espelham-se nas técnicas, no aspecto gráfico dos países desenvolvidos, mas reproduzem, em todo seu subdesenvolvimento, seus congêneres sul-americanos, especialmente os venezuelanos.
Quando um país alcança determinada posição internacional, a diplomacia e a geopolítica tornam-se peças intrínsecas no seu planejamento estratégico. E o chamado jornalismo de opinião participa com discussões aprofundadas da elaboração e refinamento das estratégias.
De certa forma, houve os primeiros ensaios nos anos 70, quando os "barbudinhos" do Itamarati sonharam em criar uma zona de influência brasileira na África e na América Latina. Nos últimos anos, tentativas de investida na África, Oriente Médio e ampliação da influência na América Latina.
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A lógica da diplomacia comercial é fria e objetiva.
Um país estabelece afinidades diplomáticas com outros. O passo seguinte é transformar a afinidade em relações comercias e estratégias geopolíticas. É quando a mera afinidade começa a render frutos. O peso de um país, na diplomacia internacional, é diretamente proporcional ao número de países que consegue carregar para suas causas.
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Nos últimos anos, o governo Dilma abandonou a ofensiva diplomática. Mas o Brasil já havia conseguido estender sua influência sobre a América Latina, África e Oriente Médio e com bons frutos comerciais. A Venezuela tornou-se a maior compradora de produtos brasileiros, aumentaram as exportações para o Oriente Médio e empreiteiras e agronegócio brasileiros preparam-se para entrar na África.
Em países com imprensa desenvolvida, os jornais ajudariam a discutir os aspectos da estratégia diplomática, as perdas e ganhos no campo internacional e comercial.
Por aqui, virou Fla x Flu primário, tatibitate, como se, estreitando relações comerciais com a Venezuela, ou a Bolívia, o Brasil importaria, também, as ideias "cucarachas" - para usar o termo do lord José Serra.
Criou-se um falso dilema: ou a Venezuela ou os Estados Unidos.
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Ora, mesmo que o país decidisse se alinhar diplomaticamente com os Estados Unidos, nosso maior trunfo seria o aumento da influência na América Latina.
Essa estratégia ficou congelada. Da parte do governo Dilma, pela indiferença em relação ao tema; do lado da mídia, para poder explorar até o último limite o padrão Rupert Murdoch de produto jornalístico.
A lógica dos grupos de mídia é eminentemente comercial. Vale para a chamada imprensa sensacionalista e vale para o jornalismo de opinião.
Cada tema é analisado como "produto" comercial para entrega imediata. Embrulham o tema em retórica de fácil aceitação para seu público. Se o público engoliu a história da "bolivarização" que lhes seja entregue o produto, da mesma maneira que jornais sensacionalistas entregam mulheres peladas na capa.
Foi assim com a estratégia brasileira para Cuba. Desde o início, o objetivo foi explicitado: conquistar espaço na reconstrução da economia cubana, assim que o embargo econômico fosse levantado.
Agora, saúda-se o tirocínio brasileiro. O efeito-manada ordena que seja louvado por alguns dias. Depois, toca a retomar o tema da bolivarização novamente.
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