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segunda-feira, 22 de setembro de 2014

Quem “matou” Patrícia Poeta?

Por Altamiro Borges


Segue a polêmica sobre a estranha saída de Patrícia Poeta da bancada do Jornal Nacional. Apesar do comunicado oficial da TV Globo, que jurou que a troca já estava acertada há três anos [sic], ninguém parece acreditar e já surgem várias teorias sobre o episódio. Na semana passada, o colunista Daniel Castro, do site “Notícias da TV”, relatou que “William Bonner é apontado como pivô da queda”. Já na última sexta-feira (19), o site F5, a página de entretenimento da Folha, soltou uma bomba: “Saída do ‘Jornal Nacional’ teria relação com Carlinhos Cachoeira” – aquele famoso bicheiro de Goiás. Há ainda outras teses na praça. A estória até daria uma novela: Quem “matou” Patrícia Poeta?

Segundo Daniel Castro, a versão oficial “não foi digerida nos bastidores da própria emissora. Para jornalistas da Globo, Patrícia não saiu do JN; ela caiu. E todos os dedos apontam para William Bonner como o principal articulador da queda de Poeta, que, especula-se na emissora, deverá comandar um programa vespertino de variedades em 2015. Nos bastidores da Globo, é notório que Bonner nunca digeriu o fato de ter que aceitar Poeta como colega de bancada, em 2011, no lugar de Fátima Bernardes. Poeta, segundo essa versão dos fatos, não foi uma escolha de Bonner. Na Globo, há quem enxergue um processo de fritura de Patrícia Poeta, que fez Bonner mero coadjuvante durante a Copa do Mundo”.

O sinistro apartamento de R$ 23 milhões

“A justificativa oficial da TV Globo de que a saída de Patrícia Poeta estava planejada havia três anos não combina com a tradição da emissora de manter jornalistas durante muito tempo ocupando os mesmos cargos. William Bonner, por exemplo, está há 18 anos à frente do JN. Fátima Bernardes ficou 13 anos no telejornal. O maior indício de que Patrícia foi ‘expulsa’ do JN em plena campanha eleitoral vem da substituta de Renata Vasconcelos, que deixará o Fantástico para assumir o principal telejornal do país. Poliana Abritta, a nova apresentadora do programa, acaba de ser designada correspondente da Globo em Nova York. Ela nem chegou a estrear no posto”.

Em seu artigo, Daniel Castro já havia citado o estranho caso da aquisição de um imóvel por Patrícia Poeta. “Coincidentemente, sua saída do JN foi anunciada nove dias depois de vazar a notícia de que ela está comprando um apartamento de R$ 23 milhões em Ipanema, bairro nobre do Rio. O problema não é o valor do imóvel. Mas o vendedor: George Sadala, nome que o noticiário político relaciona à CPI do bicheiro Carlinhos Cachoeira e a oposição ao governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, coloca na ‘Gangue dos Guardanapos’”. Mas o colunista preferiu não avançar neste terreno pantanoso. A missão foi cumprida, na sequência, pelo site de entretenimento F5, da Folha:

A sangrenta guerra de bastidores no império

“Segue ecoando na Globo o anúncio repentino da saída de Patrícia Poeta do ‘JN’. Para alguns jornalistas da emissora, o fato tem associação direta com a notícia de que ela e seu marido, o diretor de programação da rede, Amauri Soares, estariam comprando um apartamento no Rio, no valor de R$ 23 milhões, que seria do empresário Georges Sadala, citado nas investigações sobre o bicheiro Carlinhos Cachoeira. Segundo fontes da TV Globo, a notícia da compra do imóvel vazou para a imprensa e desagradou à alta cúpula da emissora. Teria até sido assunto de uma reunião. Procurado, Amauri Soares não comentou o assunto. Poeta deixa o ‘JN’ com a audiência em queda”.

Outro especialista em mídia, o jornalista Ricardo Feltrin, coloca mais um ingrediente na misteriosa história. “Independentemente das diferentes teses, apostas, teorias sobre os motivos que levaram à anunciada saída de Patrícia Poeta do ‘Jornal Nacional’ após apenas três anos no cargo, a mudança revela mais uma vez que há uma guerra permanente de poder no Jornalismo da emissora, que já dura vários anos. Os protagonistas da batalha são o todo-poderoso do departamento, Ali Kamel, e o diretor de Programação da casa, Amauri Soares – marido de Poeta e responsável por trazê-la do Sul para São Paulo no passado”. Para o colunista, Ali Kamel – e não William Bonner – foi o culpado pela morte prematura:

A rixa entre Kamel e Soares

“É óbvio que a Globo sempre desmentiu e desmentirá qualquer desentendimento dentro de sua cúpula, mas quem acompanha os bastidores da emissora sabe que há uma constante rixa entre Kamel e Soares. Não deixa de ser normal uma luta por poder em qualquer empresa, mas na TV Globo a coisa toma dimensões sempre épicas. Diferentemente do que se propagou, William Bonner teve pouca influência na decisão. Ali Kamel é que foi determinante para a saída de Patrícia Poeta. Indiretamente foram dados os mais diversos argumentos para a decisão, como pesquisas de opinião, queda de audiência (cerca de 25%) desde que ela assumiu o lugar de Fátima Bernardes, eventuais gafes e outros que tais”.

Ainda segundo o jornalista, esta guerra de bastidores no império global é sangrenta. “Amauri desperta ciúme há anos dentro da Globo. Primeiro, por causa de sua ascensão considerada "meteórica demais". É sempre apontado como um arrivista convicto. Depois, porque ele pediu o boné da Globo em certa ocasião, mudou para o SBT e criou o ‘Aqui Agora’ –único produto jornalístico concorrente que de fato assustou a Globo até hoje. Seis meses depois, ela correu atrás para trazer Soares de volta... Com a decisão pessoal de Fátima Bernardes deixar o ‘JN’, Amauri teve um novo embate com seu ‘rival’ e, sabe-se lá o porquê, acabou vencendo. Kamel já estudava Vasconcellos na bancada, mas acabou prevalecendo Poeta”.

Os podres da TV Globo

“Para azar dela ou pura coincidência, como queiram, sua entrada coincidiu com um novo período de queda de Ibope no telejornal. Portanto, Ali Kamel nem precisou fazer nenhum ‘jogo’ contra a âncora. O clima nos corredores é bem tenso. Ou mais tenso que o normal”. O jornalista ainda desmente a informação da emissora sobre o futuro da ex-apresentadora. “Não existe absolutamente nenhum projeto de novo programa para Patrícia Poeta, nem em entretenimento, nem em dramaturgia (ela já pensou em ser atriz, muito tempo atrás) tampouco em jornalismo. Portanto, ela vai para a geladeira por pelo menos um ano ou mais”. Como se observa, a guerra é violenta. Daria outra novela: “Os podres da TV Globo”.

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